Mudanças entre as edições de "Sobre tática e estratégia"

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(Criou página com ''''1. Trecho do artigo: RENA, Natacha. Cidade Inventada: táticas do cotidiano constituindo uma multidão de inventos. Belo Horizonte, 2002.''' "Táticas, que sem lugar próp...')
 
 
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Consideramos Urbanismo Tático nesta plataforma ações, intervenções e projetos que insurgem contra o projeto capitalista neoliberal de privatização das cidades. Portanto, abaixo alguns exemplos de Urbanismo Tático que praticam coletivamente e colaborativamente ações que insurgem contra o Estado-capital que vem tentando tornar as cidades grandes empresas. Considera-se que diversos movimentos sociais, culturais e ambientais vêm também utilizando o Urbanismo Tático para se manifestarem contra uma gestão dos espaços públicos baseados na lógica da cidade-empresa.
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* [http://issuu.com/laurasobral/docs/publicacaobatata-final-web A batata precisa de você: como fazer ocupações regulares no espaço público.]
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Domenico de Siena, que participou do Seminário realizado pelo Indisciplinar no [http://blog.indisciplinar.com/tecnopoliticas-democracia-e-urbanismo-tatico/ VAC 2015: Tecnopolíticas, democracia e urbanismo tático], fala sobre Urbanismo Tático: "é pensar processo ações e intervenções que geram espaços de oportunidade, debate, transformação e que oferecem oportunidade (mesmo que por tempo limitado) de experimentar como uma comunidade ou um grupo de pessoas podem colaborar para transformar um território, um bairro, uma rua ou um espaço público."
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* [https://www.youtube.com/watch?v=CLwQNlTnZWU Nesta entrevista Domenico amplia esta discussão.]
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* [https://www.youtube.com/watch?v=5pG0g1T8_30 Aqui a palestra em que o pesquisador detalha o conceito teoricamente.]
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===Referências===
 
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Edição atual tal como às 06h55min de 6 de janeiro de 2016

1. Trecho do artigo: RENA, Natacha. Cidade Inventada: táticas do cotidiano constituindo uma multidão de inventos. Belo Horizonte, 2002.

"Táticas, que sem lugar próprio, sem visão globalizante, cega e perspicaz como se finca no corpo a corpo sem distância, comandada pelos acasos do tempo e é determinada pela ausência de poder, diferente da estratégia, que é organizada pelo postulado de um poder [1]. Se, segundo Certeau, a estratégia postula um lugar como próprio e constrói uma base para gestão de suas relações com a exterioridade a tática só tem por lugar o do outro. Ela insinua, fragmentariamente, sem apreendê-lo por inteiro, sem poder retê-lo à distância. Não dispõe de base para capitalizar os seus proveitos. Pelo fato de seu não-lugar, a tática depende do tempo, vigília à espera da oportunidade.

Na tática a arte de dar o golpe é o senso da ocasião. A tática é a arte do fraco e este pode tirar partido de forças que lhe são estranhas. Espera de momentos oportunos onde combina elementos heterogêneos. As invenções táticas (edifícios, utensílios, roupas, móveis, sinalizações, etc) produzidas pelos habitantes das favelas, das ruas, dos locais desprovidos de status financeiro que possibilitam a compra de objetos de design, são costumeiramente consideradas marginais pelas autoridades do design e da arquitetura, e estão, quase sempre, excluídas das referências oficiais da cultura de um lugar. As engenhosidades, muitas vezes chamadas de gambiarras, construídas a partir da necessidade, não são planejadas, nem pesquisadas, nem aprovadas por normas, apenas desenvolveram táticas eficazes para sobrevivência numa situação onde a população é carente de recursos para adquirir produtos industrializados e novos, ou para construir casas projetadas e dentro das normas da cidade oficial.

Para Certeau, há no homem comum e anônimo um homem extremamente inventivo, considerado herói comum, caminhante inumerável que se difere dos nomes próprios, e produz num ambiente de cultura ordinária onde a ordem é exercida por uma arte de fazer. Há uma economia do dom, uma estética de lances, um estilo de invenções técnicas, uma ética da tenacidade. O autor parte do interesse, não pelos produtos culturais oferecidos no mercado dos bens, mas pelas operações de desvio dos produtos por uma prática inovadora dos seus usuários. Estas seriam maneiras ou modos de fazer diferentes que marcam socialmente o desvio operado em alguns produtos por uma prática, criações anônimas e perecíveis que surgem instantaneamente e não se capitalizam. Há nestas práticas uma inversão de perspectiva que desloca a atenção do consumo supostamente passivo dos produtos para a criação anônima que nasce da prática do desvio no uso destes." [2]

2.

É importante falar sobre o falto Urbanismo Tático se pensarmos este conceito a partir de Michel de Certeau. É preciso mostrar que existem discursos que envolvem o conceito de Urbanismo Tático incorporado na lógica capitalista de gentrificação de territórios os preparando para o avanço do mercado imobiliário de luxo. Exemplificamos abaixo com textos, projetos e ações intitulados Urbanismo Tático falam de intervenções cidadãs em espaços públicos sem caracteriza-las como uma ação biopotente e com interesses em produção do comum, fora da lógica do estado ou do capital e principalmente, poucos falam da relação deste conceito "tático" em contraposição ao "estratégico" a partir de Certeau em seu livro intitulado "A invenção do cotidiano".


3.

Urbanismo Tático Biopotente

Consideramos Urbanismo Tático nesta plataforma ações, intervenções e projetos que insurgem contra o projeto capitalista neoliberal de privatização das cidades. Portanto, abaixo alguns exemplos de Urbanismo Tático que praticam coletivamente e colaborativamente ações que insurgem contra o Estado-capital que vem tentando tornar as cidades grandes empresas. Considera-se que diversos movimentos sociais, culturais e ambientais vêm também utilizando o Urbanismo Tático para se manifestarem contra uma gestão dos espaços públicos baseados na lógica da cidade-empresa.

Domenico de Siena, que participou do Seminário realizado pelo Indisciplinar no VAC 2015: Tecnopolíticas, democracia e urbanismo tático, fala sobre Urbanismo Tático: "é pensar processo ações e intervenções que geram espaços de oportunidade, debate, transformação e que oferecem oportunidade (mesmo que por tempo limitado) de experimentar como uma comunidade ou um grupo de pessoas podem colaborar para transformar um território, um bairro, uma rua ou um espaço público."


Referências

  1. (CERTEAU, 2003, p.101)
  2. (RENA, 2001, s/p)