O Urbanismo Hipster não é tático, faz parte das táticas do urbanismo neoliberal estratégico

De Urbanismo Biopolítico
Revisão de 12h11min de 11 de fevereiro de 2017 por Indisciplinado (discussão | contribs)

Ir para: navegação, pesquisa

1.

É preciso investigar melhor cada ação deste urbanismo intitulado de tático por autores que não discutem a segregação social e os processos de gentrificação. A maioria dos territórios nos quais os artistas jovens, brancos, de classe média alta atuam realizando intervenções autônomas com paletes, ocupando vagas de carros (utilizando um discurso a favor das bicicletas) com parklets e do plantio espontâneo de hortas coletivas, etc, tem um caráter que inclui a participação da vizinhança em processos de cuidado do seu próprio contexto local, mas deixam de fora os problemas gerados pela segregação social própria do capitalismo contemporâneo que atua principalmente através da dinâmica de valorização imobiliária. O hipster é considerado aquele cidadão de classe média diferente do yuppie que está envolvido com o mercado de trabalho das grandes coorporações, ganha muito dinheiro e consome num território limpo, branco, luminoso, com edifícios de vidro reflexivo, onde as marcas do passado do lugar não aparecem, apenas a "modernidade" acéptica de uma arquitetura minimalista. Já o jovem hipster é precarizado, possui gosto pelo velho e pela reciclagem seja de produtos jogados fora, seja pela histórica, sebos, lojas de antiguidades, cafés antigos cheios de bugigangas, música híbrida eletrônika com toques étnicos. São precarizados, autônomos, mas criam estilo próprio recuperando uma estética do passado, pré-hippie. Escolhem locais interessantes nas cidades para fazer seus coletivos, seus coworkings, galerias de arte com arte de rua, estúdios de design, em geral em áreas centrais com boa infraestrutura de transporte e de serviços. Criam bares alternativos e geram territórios apropriados para que as liberdades individuais sejam respeitadas, em geral, o universo LGBT atravessa o mundo hipster contemporâneo das grandes metrópoles.

Em NY isto se inicia com artistas que ocupam o Soho, onde existiam muitos galpões vazios por causa da desindustrialização (desta área central), e ocupavam com casas coletivas e ateliers integrados como foi o caso da Factory de Andy Wahrol. Hoje o Soho é um dos lugares mais "chics" e "modernos" e valorizados de Nova Iorque. EM geral o processo de hipsterização prepara o território antigamente marginal, sujo e ocupado por traficantes, prostitutas, pixadores, mendigos, em lugares charmosos e interessante para que o mercado atue. Este processo de abandonar para depois enobrecer, segundo Neil Smith (ver seus textos e comentadores citados abaixo), também faz parte do processo de gentrificação (mesmo que gentrificação significa enobrecer, antes do enobrecimento é preciso deixar desvalorizar e em geral retira-se o policiamento para que este processo se acelere). Isto acontece em quase todas as metrópoles do mundo. Em Paris poderíamos dizer que foi o Marais um dos bairros nos quais o hipsterismo acentuou o processo de gentrificação. Em Amsterdã foi o Jordan. Em São Paulo a Avenida Augusta e o baixo centro. Em Belo Horizonte tentam fazer isto com a região central, mas os movimentos sociais e culturais organizados tem tentado evitar a todo custo. Por isto interessa compreender como o Urbanismo Tático pode ser realmente tático no sentido biopotente certeauniano e atuar no território evitando a gentrificação ao invés de acentua-la. Aqui um texto que mostra bem como este processo de gentrificação via hipsterização acontece. O urbanismo hipster é gentrificador enobrece os territórios embranquecendo-os.

Estas matérias abaixo deixam bastante claro o problema crescente da gentrificação hipster:

Sobre a gentrificação (Neil Smith):

Nestas entrevistas Harvey aponta para os processos de gentrificação e de deslocamento de investimentos para gerar mais valia: "Where is the expansion and opportunities to make more money? One of the big expansionary opportunities after World War II was urbanization. There were other opportunities such as the Military-Industrial-Complex, and so forth. But it was mainly through suburbanization that the surpluses were absorbed. Now this created many problems, such as the urban crisis of the late-1960s. Then you have a situation where capital actually goes back to the central cities and subsequently re-occupies the inner-city. It then reverses the pattern. So more and more of the impoverished communities are expelled to the periphery as affluent populations move back to the center of the city.

For example, in New York City around 1970, you could get a place right in mid-town Manhattan for almost nothing because there was a tremendous surplus of property; nobody wanted to live in the city. But that has all changed: the city has become the center of consumerism and finance. As you mentioned, it costs as much to house your car as it does to house a person. This is the transformation that has occurred. In short, this process of urbanization takes place throughout the 1940s, stretching through the 1960s. Then, you have an re-urbanization taking place in the period following the 1970s. After the 1970s, the center of the city becomes extremely affluent. In fact, Manhattan went from an affordable place in the 1970s to a vast gated community in the 2000s for the extremely wealthy and powerful. In the meantime, the impoverished, often minority communities, are expelled to the periphery of the city. Or, in the case of New York, people fled to small towns in upstate New York, or Pennsylvania." http://www.counterpunch.org/2017/02/01/rebel-cities-urban-resistance-and-capitalism-a-conversation-with-david-harvey/

Entrevista com Harvey realizada para AU: http://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/251/david-harvey-um-dos-mais-influentes-pensadores-marxistas-da-atualidade-338475-1.aspx

Entrevista com Harvey sobre Un Habitat III em Quito: https://resistenciapopularhabitat3.org/2016/07/25/entrevista-a-david-harvey-sobre-gentrificacion-habitat-iii-tiene-una-posicion-neoliberal/


2. A Antropologia sobre os hipsters:

Entrevista com Mark Greif, professor da New School University, autor do livro "What Was The Hipster?: A Sociological Investigation".:

"Os primeiros hipsters dos anos 2000 – as pessoas que sempre sabiam das tendências antes das outras, que criavam distinções para elas mesmas por sua contra-intuição, eram associadas a um tipo agressivo de movimento, uma espécie de racismo branco. Elas eram, para se ter uma idéia, até contra a internet. Isso acontecia porque, naquele momento, o estilo deles era algo que só poderia ser sabido se você fosse da elite, dentro desse seleto grupo de enobrecimento urbano, em Nova Iorque, Londres ou Cidade do México. No entanto, por meio das disseminações de imagens pela internet nos últimos dez anos, as características do “hipsterismo” foram democratizadas, de tal forma que ele não pode pertencer somente a uma elite; e uma vez que se torna democrático, muda de significado. A internet então modificou o significado do que é ser hipster." (…) "o hipster costuma resgatar culturas populares locais, não importa onde seja."(…) "Ser hipster depende de uma idéia que o seu gosto, na verdade, representa uma natureza interna aristocrática que o faz superior a outras pessoas." (…) sobre os hipsters pertencerem a uma Geração Y : "Mas com o hipster temos uma sensação de que é uma ironia sem compromisso com a oposição ou com o ser irônico. Isso permite que eles ganhem um aspecto de que não estão investindo em idéia nenhuma, de que não representam nada. É um costume típico das pessoas ricas do passado, mas agora, constituindo uma espécie de rebelião."

[E por este motivo imaginamos que ser ordinário, ser normal, não parecer nada, nem hippie, nem hipster, faz parte de uma resistência ao hipsterianismo. Nem Yuppie, nem hipster, nem hippie. Como ser ordinariamente tático?]

Mark Greif, autor do texto "The Hipster in the Mirror" (2010), Educador e crítico cultural da New School University in New York City. A partir da leitura de Bordieu, salienta que:

"The power of Bourdieu’s statistics was to show how rigid and arbitrary the local conformities were. In American terms, he was like an updater of Thorstein Veblen, who gave us the idea of “conspicuous consumption.” College teachers and artists, unusual in believing that a beautiful photo could be made from a car crash, began to look conditioned to that taste, rather than sophisticated or deep. White-collar workers who defined themselves by their proclivity to eat only light foods — as opposed to farmworkers, who weren’t ashamed to treat themselves to “both cheese and a dessert” — seemed not more refined, but merely more conventional.

Taste is not stable and peaceful, but a means of strategy and competition. Those superior in wealth use it to pretend they are superior in spirit. Groups closer in social class who yet draw their status from different sources use taste and its attainments to disdain one another and get a leg up. These conflicts for social dominance through culture are exactly what drive the dynamics within communities whose members are regarded as hipsters. Once you take the Bourdieuian view, you can see how hipster neighborhoods are crossroads where young people from different origins, all crammed together, jockey for social gain. One hipster subgroup’s strategy is to disparage others as “liberal arts college grads with too much time on their hands”; the attack is leveled at the children of the upper middle class who move to cities after college with hopes of working in the “creative professions.” These hipsters are instantly declassed, reservoired in abject internships and ignored in the urban hierarchy — but able to use college-taught skills of classification, collection and appreciation to generate a superior body of cultural “cool.” They, in turn, may malign the “trust fund hipsters.” This challenges the philistine wealthy who, possessed of money but not the nose for culture, convert real capital into “cultural capital” (Bourdieu’s most famous coinage), acquiring subculture as if it were ready-to-wear. (Think of Paris Hilton in her trucker hat.) Both groups, meanwhile, look down on the couch-­surfing, old-clothes-wearing hipsters who seem most authentic but are also often the most socially precarious — the lower-middle-class young, moving up through style, but with no backstop of parental culture or family capital. They are the bartenders and boutique clerks who wait on their well-to-do peers and wealthy tourists. Only on the basis of their cool clothes can they be “superior”: hipster knowledge compensates for economic immobility. All hipsters play at being the inventors or first adopters of novelties: pride comes from knowing, and deciding, what’s cool in advance of the rest of the world. Yet the habits of hatred and accusation are endemic to hipsters because they feel the weakness of everyone’s position — including their own. Proving that someone is trying desperately to boost himself instantly undoes him as an opponent. He’s a fake, while you are a natural aristocrat of taste. That’s why “He’s not for real, he’s just a hipster” is a potent insult among all the people identifiable as hipsters themselves.

The attempt to analyze the hipster provokes such universal anxiety because it calls everyone’s bluff. And hipsters aren’t the only ones unnerved. Many of us try to justify our privileges by pretending that our superb tastes and intellect prove we deserve them, reflecting our inner superiority. Those below us economically, the reasoning goes, don’t appreciate what we do; similarly, they couldn’t fill our jobs, handle our wealth or survive our difficulties. Of course this is a terrible lie. And Bourdieu devoted his life to exposing it. Those who read him in effect become responsible to him — forced to admit a failure to examine our own lives, down to the seeming trivialities of clothes and distinction that, as Bourdieu revealed, also structure our world."

Abaixo alguns textos que tratam superficialmente do conceito urbanismo tático hipsterizado, despolitizado, sem inseri-lo dentro de uma discussão política e econômica mais ampla e sem questionar se os projetos dados como exemplo são dispositivos, por exemplo, de gentrificação de territórios de interesse do capital imobiliário. Em geral os defensores deste urbanismo tático hipster vão dizer que a discussão destes territórios não deve ser política! Que o debate sobre a pobreza e a segregação espacial não se relaciona com o que estão propondo e que atuar em movimentos contra-imperiais e anti-capitalistas é coisa ultrapassada. Costumam dizer que não há mais esquerda-direita, muito menos luta de classes, enfim, afirmam que esta dicotomia não existe e que agora o que importa é que o cidadão tenha autonomia perante o Estado.

3. Urbanismo tático: introdução ao conceito: http://pt.slideshare.net/andreponto/urbanismo-ttico

"Conceito “um protótipo de curto prazo que pode dotar de informações para o planejamento de longo prazo” sendo “construída a partir de grupos de pessoas empoderadas, ou seja, urbanismo cidadão” de forma a reconhecer “o valor das ações informais no espaço público e incorporar na forma de políticas públicas urbanas inclusivas de longo prazo”. [1] “O urbanismo tático é uma abordagem voluntária de construção de cidade que apresenta as seguintes cinco características, algumas delas sobrepostas: (1) Uma abordagem voluntária e gradual para instigar a mudança; (2) Um processo de criação de ideias para os desafios do planejamento à escala local; (3) Um compromisso de curto-prazo e de expectativas realistas; (4) Uma atividade de baixo-risco com a possibilidade gerar recompensas elevadas; (5) E o desenvolvimento de capital social entre cidadãos e a construção de capacidade institucional entre as organizações públicas, privadas, não lucrativas e ONG’s e os seus membros.”[2]"

Esta revista denominada "Urbanismo Tático" cita Jaime Lerner, considerado hoje o arquiteto dos grandes projetos neoliberais no Brasil. Somente em Belo Horizonte, inúmeros projetos que ocupam a categoria Urbanismo Estratégico aqui nesta plataforma como a Operação Urbana Isidoro, ou o CSul, são de autoria deste arquiteto.

Muitos projetos e ações intitulados Urbanismo Tático falam de intervenções cidadãs em espaços públicos sem caracteriza-las como uma ação biopotente e com interesses em produção do comum, fora da lógica do estado ou do capital e principalmente, poucos falam da relação deste conceito "tático" em contraposição ao "estratégico" a partir de Certeau em seu livro intitulado "A invenção do cotidiano". Abaixo alguns textos que tratam superficialmente do conceito urbanismo tático sem inseri-lo dentro de uma discussão política e econômica mais ampla e sem questionar se os projetos dados como exemplo são dispositivos, por exemplo, de gentrificação de territórios de interesse do capital imobiliário.




4. A captura do Comum Uma das coisas mais interessantes a observar é como a captura do conceito de comum ou fazer-com vem acontecendo na contra-mão do que os pensadores sobre o comum propõem em geral, que seria do ponto de vista político reforçar políticas públicas de bem estar social, evitando a privatização do que é público e incentivando a produção de políticas públicas que além de proteger os bens comuns e os modos de fazer em comum, deveriam fortalecer a sociedade para que a política neoliberal de ocupação do Estado pelo mercado não seja o marco da nossa sociedade. Pois bem, muitos pensadores de fachada, hipsterizando o discurso, tentando camuflar que a crise e os grandes projetos de austeridade econômica atacando o estado de bem estar social, as políticas de proteção do trabalho estável, as leis trabalhistas, vêm precarizando a tal ponto o trabalhador, sem tocar neste ponto em seus discursos, acabam por camuflar os processos de concentração de renda que estas políticas de austeridade ditadas pelos principais players dos processos de globalização. Daí que vemos surgir uma orda de textos, projetos, discursos, campanhas em prol de um tal bem comum envolvendo aplitacativos e plataformas de co-tudo! Co-working, co-housing, co-carro, e com discurso da sustentabilidade, tentam deixar a nova juventude desempregada e sem perspectiva de bons trabalhos, mais feliz. É muito evidente que há uma estratégia clara de produção de uma nova ontologia que substitua os rebeldes que lutam por melhores condições de salário e de emprego, que se organizam contra as políticas d austeiridade exigindo do estado que detenha o processo de avanço do mercado sobre as vidas, glamourizando a falta de recursos para ter casa, carro, local de trabalho, emprego, transformando o homem desempregado e precarizado num PRECARIADO FELIZ. A hipsterização do mundo passa também e principalmente por esse processo de camuflagem do novo escravo, o escravo pós-moderno. Também é bastante bom prestarmos a atenção nos novos debates sobre o pós-capitalismo que não são anti-capitalista e anunciam um novo mundo! Estamos de olho!

http://www.estrategiaynegocios.net/ocio/994504-330/qué-es-el-co-housing-casas-para-envejecer-con-los-amigos#.V-03LyV3A1T.facebook


Quando até o FMI critica o neoliberalismo é porque estão tramando alguma coisa muito pior! Seria o próprio pós-capitalismo? Título do artigo: “Neoliberalism: Oversold?”.

https://www.imf.org/external/pubs/ft/fandd/2016/06/pdf/ostry.pdf

http://cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FEconomia%2FFMI-admite-que-o-neoliberalismo-e-um-fracasso%2F7%2F36247

http://www.bbc.com/portuguese/geral-36668582

Harvey discutindo o assunto dos comuns que compõe um de seus capítulos de Cidades Rebeldes: "Emanuele: In the third chapter, “The Creation of the Urban Commons,” you re-conceptualize what the “commons” might look like in the coming century. You go on to reference the work of Tony Negri and Michael Hardt throughout the book. I’ve interiewed Michael Hardt in the past and I’ve found much of his work to be very insightful and quite interesting. As all of you mention in your work: we must begin conceptualizing how we’re going to transfer, promote, develop and utilize the commons. This also includes cultural affects — images, meanings, symbols, etc. You go on to mention the work of Murray Bookchin: ideas of social order, process, hierarchy, and so forth become very important when attempting to envision alternatives. Christian Parenti also recently wrote a great piece about the state and the environment. What are some of your ideas as to how we can re-conceptualize the commons?

Harvey: Well, the conceptualization of the commons, from what I’ve seen and read, is rather small in scale. So, a lot of the writings on the commons have dealt with the commons on a micro-level. I’m not saying there’s anything wrong with that — having a communal garden in your neighborhood, that’s great. However, it seems to me that we must start caring and talking about large-scale issues with the commons, such as the habitat of an entire bio-region. For example, how do we begin to conceptualize what sustainability looks like for the entire Northeastern United States? How do we manage things like water resources on a national level? How about globally? Water resources should be considered a common property resource, but often there’s conflicting demands for clean water: urbanization, industrial agriculture, and all sorts of other natural habitat preservations and the like.

I’m glad you mentioned Christian Parenti’s essay because climate change should make us re-conceptualize the global commons. How to deal with this problem? And how can we manage these issues in the future? Without question, we need enforcement mechanisms between nation-states in order to combat these trends and ward off future threats. What happens to international treaties if governments are shredded? Who’s going to stop other states from pouring carbon into the atmosphere? You can’t do that by holding collective meetings or potlucks. Conversations about whether to turn a piece of land into a community garden are not going to combat the issues we face as a species. We have to think of the commons as existing on different scales.

I’m interested in the metropolitan-regional scale. How do you organize people in these regions to defend common property rights at various scales? Well, this level of organizational capacity is not going to take place through assemblies or other forms of organization that people are utilizing today. The problem is coming up with a democratic way to respond to the opinions of vast populations of people from around the globe in order to manage common property resource rights. This would include things like air and water quality throughout the region. It would also include bioregion sustainability.

These things don’t happen through assemblies, and just because people come up with some great plans on a local level, that doesn’t mean those plans work on a regional level, or global scale. So I would like to inject the notion of different “scales” of organization into our collective conversation about development, sustainability and urbanization. We have to develop organizations, mechanisms, discourses and apparatuses capable of dealing with these problems at a global scale. I don’t think it does us any good to discuss “the commons” if we’re not going to be specific about the scale of which we’re discussing. Are we talking about the world? If so, we must talk about the state apparatus and its functions, particularly at the bio-regional and global levels." http://www.counterpunch.org/2017/02/01/rebel-cities-urban-resistance-and-capitalism-a-conversation-with-david-harvey/



5. Artigo de Neil Brenner sobre Urbanismo Tático no qual ele tenta responder a este questionamento e já citando Harvey: http://observatoriodasmetropoles.net/index.php?option=com_k2&view=item&id=1890%3A“urbanismo-tático”-—-uma-alternativa-ao-urbanismo-neoliberal%3F&Itemid=181#

“Uma exposição apresentada sobre o crescimento desigual das cidades no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) pretendeu explorar essa questão através de intervenções especulativas formuladas por uma equipe de arquitetos cuja missão era apresentar propostas de desenho urbano para seis “megacidades” do mundo: Hong Kong, Istambul, Lagos, Mumbai, Nova York e Rio de Janeiro.

Essa exposição provocou um debate considerável a respeito da nossa condição urbana planetária contemporânea e, mais especificamente, sobre as capacidades profissionais dos arquitetos, designers, urbanistas e planejadores em conseguirem influenciar essa condição de forma mais progressista e produtiva.

Este debate é oportuno na medida em que os paradigmas herdados de intervenção urbana – desde aqueles presentes nos programas modernistas-estatistas da época do pós-guerra até as agendas “neoliberalizantes” e fundamentalistas do pós-1980 – parecem não ser mais viáveis de execução. Enquanto isso, como David Harvey observa em seu comentário sobre a exposição apresentada no MoMA, “a crise da urbanização planetária” está se intensificando. As megacidades e as economias territoriais mais amplas de que elas dependem parecem estar mal equipadas tanto em termos operacionais como políticos para resolverem os monstruosos problemas de governança e os conflitos sociais que enfrentam. Sob estas condições, Harvey declara sombriamente: “Estamos em meio a uma enorme crise – ecológica, social e política – de urbanização planetária sem que, aparentemente, consigamos conhecê-la ou mesmo delimitá-la”.

Contra esse pressentimento, os “urbanismos táticos” seriam capazes de oferecer soluções inteligíveis, ou, pelo menos, jogar luz sobre algumas perspectivas mais produtivas que ajudassem a delinear a projeção de futuros urbanos alternativos ao que se vê hoje? Seria irrealista esperar que qualquer abordagem única da intervenção urbana resolvesse os “problemas perversos” que enfrentam os territórios urbanizadores contemporâneos, especialmente numa época em que os modelos herdados para moldar as nossas condições urbanas são tão amplamente questionados.”


6. Entrevista de Paula Bruzzi na revista Indisciplinar n.1 sobre a expo do MOMA que conta com exemplos de intervenções realizadas em Belo Horizonte

http://www.editora.fluxos.org/LivrosPDFDownload/RevistaIndisciplinarBaixa.pdf
  1. (STEFFENS; VERGARA, 2013)
  2. (LYDON, 2012, p.1)